Sou escritora...
Não sei o que diabos Deus faz dos meus calçados, mas vou
ilesa, pelos caminhos.
Vou sã, apesar de tudo! Com a dignidade dos meus versos,
melhores, infinitamente melhores que eu e a honestidade nos meus atos falhos de
criança romântica.
Eu pago a minha língua e a língua que me difama! Pago com a
merda desse dinheiro sujo, que conduz a atitude de um ser humano, na mesma
cotação de seus afetos elementares.
A poesia é uma das minhas maiores aliadas. Ela me segura em
quedas inimagináveis e flori a minha esperança. É ela quem me dá ar, no meio do rio
da existência.
Sou uma dama com uma carta na manga.
Tá todo mundo perdoado, viu? Os homens canalhas, as mulheres falsas, os amigos interesseiros, todo tipo de gente manipuladora, os
invejosos, os mesquinhos...
Perdão generalizado a todos e pedidos pessoais de
esquecimento, total, da minha existência.
Está tudo bem! No
mínimo usarei suas péssimas atuações como gente pra material na composteira dos meus sentimentos.
Só não tenho mais o mesmo coração. Injetaram metal demais
nas minhas artérias.
Sinto muito, mas eu leio as linhas miúdas dos contratos que
me oferecem e tá pra nascer quem vai fazer uma proposta adequada pela minha
nobre alma.
Portanto, guardem suas salivas, suas bajulações, guardem
seus esforços.
Estou indo embora de vocês, pra continuar habitando em mim.
E não tenho o menor plano de voltar!
E não tenho o menor plano de voltar!