sábado, 30 de julho de 2011

Trocados... ou "Um tiro no pé"

Perdi um belo exemplar de homem.
Era moreno, grande e masculino. Lia livros comigo no colo e colocava pra tocar as canções das minhas metáforas.
Ele ainda não era um amor... mas, se colocava muito bem.
Perdi, descuidadamente e tão sem atenção, como se fosse uma peça qualquer do meu armário, um dos pares dos meus brincos ou os minutos do tempo que geraram o atraso dessa manhã.
Homem bonito e educado, poeta como eu e cheio de falas ainda por me dizer.
Tinha o peito confortável e personagens do meu realismo fantástico tatuados nos braços.
Beijava bem, profundamente... Trazia os dentes escovados e a pele perfumada.
Eu, logicamente, me apaixonei e, apavorada com essa novidade sentimental,  fiz questão de perdê-lo. Como quem descarta errado num jogo de baralho, ou esquece o anel na pia de um banheiro qualquer. Infracionando o espaço de Eros. 
Tendo vivido tantos amores desestruturantes, não esperei um só instante para o mundo entre nós trabalhar e eu ver pra onde ele giraria. Peguei tudo que em mim menos gostava e atirei no colo do meu amante, como se fosse um balde d’água.
Sinais de histeria urbana. Remédio antes da dor. Gente vivendo só, uma afastada da outra.
Vou, reclamando sozinha, mancada após mancada. Presentes extraviados, poesia rabiscada. Trancando o coração nas costelas, jurando ser opcional, jurando não sentir nada.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Trato


Estão assim nossos contratos:
Pelos caminhos mais exatos,
sustentados pelo nú,
 fatos seguidos de fatos.

Algum tempo...  cortesia,
e no outro, que principia,
surge uma estrada de asfalto 

onde se vai com som alto,

chão que a vida batia.

Nos intervalos, um beijo
pra presar as permissões.
Tudo muito delicado, educado e cuidadoso.
Amigos, parceiros sexualizados.
Sempre boas impressões.

Corações na corda bamba
E a prudência como sombrinha,
marcando bem os limites
pra não cair de paixões.

sábado, 23 de julho de 2011

ALGUNS TROCADOS...


Paredes suas, comida fácil, nutrientes de self serfice.
Amores  agendados e cds aposentados no museu da estante de metal pelos cliques do mouse e pelo you tube.
Modernamente,  com um belo sutiã à mostra na blusa decotada, ela sai para um programa com os amigos, os que estiverem liberados. Falam idéias intelectualizadas, motes de transgressão e poemas ensaiados no pequeno recital da mesa  e bebem, para descer seus engasgos, antes do assunto solidão. Psicólogos fraternos e desabafos filtrados para não gerarem problemas sociais.
O telefone, no bolso, não toca a ansiada ligação, que tantas outras não suprem.
E vem a noite, a lua-irmã de todas as mulheres... quiçá um motel, quiçá a porta de casa.
Ela toma um banho, se hidrata, passa cremes anti-idade, deita sob seus cobertores, que combinam com a decoração da casa e dorme.
Sonhos para essa dama, nem mesmo assombrada! A casa é só dela. Quisera um fantasma.
Na madrugada ela acorda. Abre o computador e escreve. Três versos de um poema em construção e o primeiro conto do blogger que criou. Possível que ninguém leia nada, mas esvaziada, o sono finalmente vem e ela dorme, capotada.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTRATAGEMA

Opa! Caí aqui de gaiata!
Como isso funciona? Estranho tamanha velocidade.


Eu, sombra de outras eras...


Eu... que deveria ter nascido na época em que os poetas românticos eram deuses sofridos e ousados.
Dante Alighieri teria me amado e meu nome seria Beatriz.


Então terei um blogger? Muito importada essa palavra para meu vocabulário folclorista.


Farei assim, apenas: 1001 poemas e uns quebrados, em contos. Nem mesmo um verso além, que não venha em prosa.


Parece o suficiente para ganhar uns corações e me resolver com certos demônios.


EVOÉ e vamos lá!