segunda-feira, 30 de julho de 2012

MARTELO AGALOPADO

Retornei renovada pra sua casa
sem trazer as sujeiras do andar
vim cerzindo a colcha de deitar
pondo pena num sonho já sem asa
esqueci que o pote cheio vaza
e menti a vontade de ficar
mas agora é preciso te deixar
pra seguir pelas rimas da minha vida
pois martelo se faz é com dez rima
e amor, se não é dois não vai vingar


terça-feira, 24 de julho de 2012

FADA AZUL



Fechara o coração aos amores profundos.
Um certo dia, perto do inverno começar, um homem lhe declarou sensibilidades... Ela, para seu próprio susto se emocionou.
Dormiam juntos. Abraçavam-se! E como o frio da vindoura estação já se pronunciava, ela começou a decodificar o calor daquele peito masculino em que deitava como a algo possível, extensivo a seus próprios sentimentos . E ele se declarava , fazendo que na sua razão fosse se abrindo uma ruela transversal, uma apetitosa rua que tinha muitas possibilidades.
Aquele chaveiro prometia destrancar-lhe o coração.

Pulou o precipício! Tinha um rio tão perfeito lá embaixo...


Mas depois de uns quatro amores terminados, qualquer mulher fica atenta aos sinais, aos desvios, aos astros se for necessário. E um grilo que lá longe no passado lhe colocaram na cabeça criquilou.
-          Abra a caixa! Disse a curiosidade...
E Pandora, apaixonada pela idéia do conhecimento abriu.


Foi no meio de seu salto ornamental... Alí estavam as verdades sobre seu amado, sobre seu amor e o rio lhe apareceu escuro repentinamente e raso, muito mais que o possível. Caiu de cabeça. Quebrou o pescoço.
Afogada em tão poucas águas ela chorou seus últimos ais, com lágrimas tão grossas que o leito tornou a se encher e entornou no mar.
A dama, na passagem da corredeira entre as pedras, perdeu a pele e foi ficando com a alma exposta. E essa identidade subcutânea sabia cantar.
Quando chegou com tamanha tristeza no oceano, Iemanjá foi lhe falar. Disse:



-         Quem és tú menina que morreu de tanto chorar?
-     Sou a ilusão de um amor que decidiu não me amar.
-          Pois aqui sede bem- vinda! Gosto de te ouvir cantar. Se a tristeza é poetizada tem chance de se acabar. Fica da cor do meu reino que não vão te atrapalhar. Serás sereia e fada, aprenderás a nadar. Uma missão te darei e a ela não podes negar.

Assim, a moça fez-se e a fada azul foi criada com as curas dos amores, cantando todas as dores, se estourando na praia, infinita e esperançosa... Lavando corações no mar.


terça-feira, 17 de julho de 2012

Antropofagia


Nada mais precioso que a alquimia
de travar os músculos, nessa noite fria
lembrando do modo como insistia
dentro de mim em antropofagia
em checar se eu já não fugia
do gozo eterno que me mataria

Ode ao sujeito inveja, em detrimento das conjugações verbais!



A inveja é um sentimento feminino. Os homens também sentem, claro! Mas eles não tem classe pra esse tango.
É o desejo do que se gosta, para nós mulheres. Pelo menos eu acho isso.
Para eles é ter exatamente o que o outro tem. Não serve semelhante, cópia, gêmio, duplicata de fábrica. O foco deles é a pessoa que tem e não o que ela tem.
Não sou dessas, mas confesso que quando a tal dama surge eu não fecho a porta, não! Porque ela vem com o cheiro de todos os meus desejos. 
Aquela jura de amor que não foi feita pra mim... Um lugar que não ocupei, mas gostaria... Um verso inacreditável que outro poeta tenha feito... A loura da minha adolescência por quem todos se derretiam...
E o que há de antinatural nisso? É que nem o ronco, que é uma das atividades mais involuntárias do ser humano.
Ninguém tá defendendo o verbo! Ser invejoso é buraco negro no formato de tumor.
Mas o deparar-se com a inveja - sujeito - e trocar uma boa ideia com ela, quando essa se apresenta ao invés de rejeitá-la é muito mais esperto do que mascarar o sentimento.
Dá pra tirar uns estudos. Porque se eu quero o que não tenho e identifico o que quero, ainda tenho como resolver. 
Me preencho nesses momentos muito mais da confirmação dos meus sonhos do que daquilo que roi. O mal não faz muita festa na minha alma.
No final das contas ouvi outras juras... ocupei outros lugares... fiz outros poemas... e fiquei eu mesma loira.
E se sacudirem novamente esse pomo da discórdia diante de mim, eu mordo! Faço bem a digestão e boto pra fora, de preferencia em uma boa quantidade de palavras.
E se a maçã estiver envenenada de consciências mortíferas... eu dormirei bem bonita, pra manter em mim todo sonho até que um beijo de amor verdadeiro me acorde novamente.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

CORDEL DE RIMA INTERNA, PRA SANTO ANTÔNIO



Saiu sem acabar o jantar
Carregando as coisas sem mala
Poupando sentimentos e fala
nem cogitou em ficar.

Você nem deveria ter vindo
Não foi isso que eu importara
Eu pedi uma joia rara
E não uma janela de vidro.

Esse que daqui saiu
Mentiroso e traidor
Era a um pacote de dor
E quase me destruiu.

Que foi isso, Santo Antônio?
Vou te arrumnar um bloquinho
Pro senhor anotar direitinho
Pedidos de matrimonio.

Porque se era pra errar tão feio
e me adorecer de mal amor
preferia que o senhor
não chegasse nem ao meio.

Vai, se refaça coração
pelo menos foi rapidinho
esquece o que foi carinho
foca na transformação.

Que aí, pode até ser
que exergue direito o vilão
e até o próximo São João
consiga sobreviver.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Gozo em reprise...


Só os apaixonados sabem as emoções do dia seguinte, as doces e salgadas lembranças de detalhes emocionais.
O desatado nó profundo faz dança de fitas na alma do amante e o sangue gira veias adentro como se gota por gota dessem as mãos em ciranda.
Dá pra ver o amor movimentando um coração. Ve-se fora do corpo! Nítido e aureliano... O apaixonado resplandesce, sai faísca, dá choque. Gozo em reprise.
O amor é um segundo. Um incontável e salvador segundo próprio, independente das divisões cabidas.
Percebam esses momentos seguros, mesmo que depois o mundo mude e os sonhos se transformem.
Será dessa maneira que você desejará se sentir, por cada momento que for possível pelo resto da sua vida.

Divino!


Eu gosto de como o bigode sobe quando ele ri.  Acho super charmosa sua lingua meio presa, suas calças engraçadas e seus cabelos Art Nouveau.
Ele pensa tanto antes de cada fala que tudo fica com sua devida importância.
Aberturas românticas pra coração cansado...
O sexo e o abraço nunca me deram prazeres tão parecidos!
Ainda existe amor, tô vendo um nascer.
É um momento divino, tem que olhar com olhos virados pra se perceber.