segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DNA

Cada item do meu passado é eterno para mim.
Não sou do tipo que se queixa. Tudo é recebido, filtrado, decodificado e cumpre a função que veio executar.

Mas há elementos da minha história que me apertam o peito só de lembrar que já não são contemporâneos. Amigos perdidos no tempo pelas rusgas que foram inevitáveis, temporadas adoráveis de trabalhos findados, amores que deveriam ter se tornado bem maiores do que foram e que podem nunca mais retornar ao meu coração.

Os anos passam, fica-se mais velho. O que era susto passa e se torna evidência.

Eu sou uma pessoa muito peculiar.
Deveria ir pro meio do mato e montar uma comunidade agricultora, me trancar em uma caverna e virar um super-homem ou bater na porta de um sanatório e quebrar a recepção inteira até que se convencessem de que eu merecia uma internação.

É herculíneo se entregar a todas as emoções, como eu faço.

O negócio é escrever, que nesse reino eu posso redigir a constituição que eu quiser e deixar meu romantismo para os personagens. Melhor que eu pare de tentar debater com as estruturas do mundo humano e deixe os outros em paz com suas opiniões. 

É difícil existir... para qualquer um. A pessoa mais feliz esconderá na gaveta segredos e dores.

Deixe que os outros se alimentem dos pratos que melhor lhes apetecerem. Nunca gostei de quiabo e isso não vai mudar, independente do molhinho. Mas aprendi a gostar de beterraba.

Há o que se pode aprimorar, há o que se pode modificar, mas há o DNA da base de cada psiquê que faz cada ser único. É a impressão digital da alma e o seu modo de tocar.

E salve a diversidade!!!!!!!!


domingo, 6 de novembro de 2011

Traçado

Disseram que tinha fila pra ganhar seu coração. Você que parece tão meu desde que me apareceu.

Eu felicitei sua presença  desde a primeira vez em que ela se fez, como a uma estrela pendida, passeando pela Terra, disfarçada.

O destino se virou pra arrumar um jeito de nos colocar frente a frente, mesmo dentro das multidões em que nos metíamos. E as nossas fantasias pareciam estar sempre combinadas.

Você é o Rei da fanfarra, eu sou a Rainha.

Você é a melodia das músicas que puxa, eu sou a rima.

Somos tão esteriotipadamente parecidos, que podíamos ser irmãos.

Quem pode advinhar a importância que um desconhecido vai ter na história de uma vida em que ele ainda não entrou?
E como vai um poeta se virar nesses jogos de sedução, nesses teatros de instigação e desprezo, quando não pode disfarçar seu olhar?

Eu fui por você rendida, vendida no riso que deu, saído da minha boca. Nua diante da sua presença que me encarava no espelho.

Usei tantos factoides, fiz tanta anarquia no mundo, que me encontrei num vagabundo, nobre e cruel como eu.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tributo

Eu vivo das minhas metáforas. Elas estão nas minhas veias como soro, como sangue, como remédio para enjoo.
Minha inspiração é quem me comanda o coração. Posso viver dez mil amores se todos me trouxerem tributos. Um sonho cada um.
A imagem redentora dos meus filhos correndo no quintal, sob as árvores que vou plantar, por entre meus cachorros e amigos e redes penduradas não exclue as excusões que ainda farei a outras partes da minha vida.
Colecionadora da semântica!
Você, cortando a fita adesiva da última caixa das suas coisas, pareceu-me poético como os dedos descruzados das crianças, quando brigam... Mas você saía bem e renovava os significados dessa referência tão cheia de contato. Estar de mal tem sempre algumas promessas subtendidas. Mas, só subliminares verdadeiros tocam minhas emoções.
Há momentos em que letras escorrem pelas pontas dos meus dedos, choro tinta ou rio frases inteiras.
Fazer poesia é passar chá de versos com o filtro da alma.

sábado, 10 de setembro de 2011

Translação - os homens que acham que são sol

Tenho tentado escrever apenas palavras agradáveis. Mesmo quando elas vem reclamonas ou meio tristes, a temática tem sido sempre razoavelmente doce. Nos últimos tempos escrevo sobre amor e seus desmembramentos em 99% dos contos e versos que faço. Acho que as coisas não andam muito bem no mundo pra ainda ficarmos tagarelando reclamações a cada segundo só pra demonstrar talento dissertativo.
Mas vou pedir licença aos meus próprios votos pra cuspir uns marimbondos.
Quem foi que coroou essa frota de reis que tem andado por aí? Desde quando um ser humano pode ter a verdade universal  para, desculpem-me a expressão “cagar regra” sobre todos os outros coleguinhas de espécie.
Geralmente são os donos da bola.
Nada corrompe mais um bom homem do que a vaidade do pequeno poder. Nada é mais demonstrativo de um câncer na alma do que se julgar superior a qualquer outra pessoa  por um conhecimento adquirido que ela não venha a ter.
Também quero reclamar de quem sente peninha de si mesmo o tempo todo. Para os quais a vida é má, as bolas procuram as costas e os pombos a cabeça.
Eu, que corro atrás, na frente, de um lado e do outro não posso deixar de dar uma gofadinha quando encontro alguém assim.
Detesto a covardia com toda a minha coragem! Realmente não posso evitar o enjoo diante dos que serão eternamente fundidos por opção.
Mas tem gente que supera esses dois times: Os profissionais do sim, senhor!
Sabe aqueles cachorrinhos pra painel de carro? Aqueles que balançam a cabeça pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo...  Exatamente esses! Vira e mexe eu vejo alguém fazer isso instantaneamente, no estilo “seu mestre mandou” .
Esses são os melhores soldados do exercito do lado negro da força. É por causa desses piões que verdadeiros e bons reis tombam.
Eu sou da corte de Arthur, sou templária, illuminati, maçon. Sou do reino de Avalon,  sacerdotisa de Atená,  adoro Jesus e Jeová,  estudei cordel e  kumon, sei  fazer conta e rimar.
Nem por isso eu sou um Deus. Só tenho aquilo que conquistei e o que eu vou conquistar.
Gosto muito da minha vida com o que ela me ofertar.
Faço limonada de limão, aprendizado de dor, renovação de tropeçada e poesia de desamor.
Para regras cagadas, minha cara de pau.

sábado, 27 de agosto de 2011

Trailer


Foi bom ter visto seus olhos enquadrados mais uma vez.

Como sempre, fomos fantásticos... Um melhor que o outro. Todas as surpresas que levei foram batidas pelas que você improvisou.
Meu vinho italiano pelas musicas que escolheu, minha meia rendada por você de toalha, meus poemas no caderno pelas suas impressões dos últimos longas que assistiu.
Não é o primeiro amor que eu deixo pra trás.
Noites bonitas e manhãs renovadas nem sempre bastam quando os dias que se seguem a elas ficam angustiantes. Algumas pessoas podem ser sazonais, outras não.
Nunca se apaixone por um amante!
Quem sabe quando meu coração esfriar a gente possa retomar nosso roteiro. Por hora, deixo quieto o que já foi filmado, passando na minha memória como um dvd que pode ser guardado.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Trajeto

Espalho o pólen do meu amor no peito do seu coração.
Quem sabe não é você a terra que me foi prometida?

Escuto o que sai da sua boca com a alma aberta em arquivo de Word.
Pauto suas idéias e versos, como se fossem uma matéria para a Folha de São Paulo ou um clássico de Baudelaire.

Sublinho suas falas igual aos meus textos de teatro
e imito, imperceptivelmente, o jeito como ri, para lembrar da imagem linda dos seus dentes por entre a barba e o bigode.

Dançamos em volta dos modelos de elo com nossa fórmula melhorada.
Me encontra na curva e mapeia a estrada, gosto dos seus olhos emprestados! Bússola voluntariosa para vontades sinceras!

E você irá o tempo todo comigo. No erotismo da minha imaginação, no salgado das minhas dúvidas, na memória emocional da minha saliva - que guarda o doce dos seus beijos e o sabor luxurioso da sua gozada.

Na minha lembrança e na minha expectativa, você é uma das melhores companhias pra se virar uma madrugada.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo." Veríssimo

www.escolalucinda.com.br
http://casapoema.com.br/
www.alceuvalenca.com.br
bloglog.globo.com/aguinaldosilva/
http://pensador.uol.com.br/autor/luis_fernando_verissimo/


sábado, 30 de julho de 2011

Trocados... ou "Um tiro no pé"

Perdi um belo exemplar de homem.
Era moreno, grande e masculino. Lia livros comigo no colo e colocava pra tocar as canções das minhas metáforas.
Ele ainda não era um amor... mas, se colocava muito bem.
Perdi, descuidadamente e tão sem atenção, como se fosse uma peça qualquer do meu armário, um dos pares dos meus brincos ou os minutos do tempo que geraram o atraso dessa manhã.
Homem bonito e educado, poeta como eu e cheio de falas ainda por me dizer.
Tinha o peito confortável e personagens do meu realismo fantástico tatuados nos braços.
Beijava bem, profundamente... Trazia os dentes escovados e a pele perfumada.
Eu, logicamente, me apaixonei e, apavorada com essa novidade sentimental,  fiz questão de perdê-lo. Como quem descarta errado num jogo de baralho, ou esquece o anel na pia de um banheiro qualquer. Infracionando o espaço de Eros. 
Tendo vivido tantos amores desestruturantes, não esperei um só instante para o mundo entre nós trabalhar e eu ver pra onde ele giraria. Peguei tudo que em mim menos gostava e atirei no colo do meu amante, como se fosse um balde d’água.
Sinais de histeria urbana. Remédio antes da dor. Gente vivendo só, uma afastada da outra.
Vou, reclamando sozinha, mancada após mancada. Presentes extraviados, poesia rabiscada. Trancando o coração nas costelas, jurando ser opcional, jurando não sentir nada.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Trato


Estão assim nossos contratos:
Pelos caminhos mais exatos,
sustentados pelo nú,
 fatos seguidos de fatos.

Algum tempo...  cortesia,
e no outro, que principia,
surge uma estrada de asfalto 

onde se vai com som alto,

chão que a vida batia.

Nos intervalos, um beijo
pra presar as permissões.
Tudo muito delicado, educado e cuidadoso.
Amigos, parceiros sexualizados.
Sempre boas impressões.

Corações na corda bamba
E a prudência como sombrinha,
marcando bem os limites
pra não cair de paixões.

sábado, 23 de julho de 2011

ALGUNS TROCADOS...


Paredes suas, comida fácil, nutrientes de self serfice.
Amores  agendados e cds aposentados no museu da estante de metal pelos cliques do mouse e pelo you tube.
Modernamente,  com um belo sutiã à mostra na blusa decotada, ela sai para um programa com os amigos, os que estiverem liberados. Falam idéias intelectualizadas, motes de transgressão e poemas ensaiados no pequeno recital da mesa  e bebem, para descer seus engasgos, antes do assunto solidão. Psicólogos fraternos e desabafos filtrados para não gerarem problemas sociais.
O telefone, no bolso, não toca a ansiada ligação, que tantas outras não suprem.
E vem a noite, a lua-irmã de todas as mulheres... quiçá um motel, quiçá a porta de casa.
Ela toma um banho, se hidrata, passa cremes anti-idade, deita sob seus cobertores, que combinam com a decoração da casa e dorme.
Sonhos para essa dama, nem mesmo assombrada! A casa é só dela. Quisera um fantasma.
Na madrugada ela acorda. Abre o computador e escreve. Três versos de um poema em construção e o primeiro conto do blogger que criou. Possível que ninguém leia nada, mas esvaziada, o sono finalmente vem e ela dorme, capotada.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

ESTRATAGEMA

Opa! Caí aqui de gaiata!
Como isso funciona? Estranho tamanha velocidade.


Eu, sombra de outras eras...


Eu... que deveria ter nascido na época em que os poetas românticos eram deuses sofridos e ousados.
Dante Alighieri teria me amado e meu nome seria Beatriz.


Então terei um blogger? Muito importada essa palavra para meu vocabulário folclorista.


Farei assim, apenas: 1001 poemas e uns quebrados, em contos. Nem mesmo um verso além, que não venha em prosa.


Parece o suficiente para ganhar uns corações e me resolver com certos demônios.


EVOÉ e vamos lá!