quinta-feira, 29 de maio de 2014

Se o poeta tem o apogeu,dentro uma única alma,
ele fica saciado, 

mas, o que a poesia pode causar...

- incomensurável -


é que lhe deixa satisfeito!

domingo, 18 de maio de 2014

PALADAR


Eu reconheço meus amores no ato!
É como um brasão, um tipo sanguíneo.
Eles vem ironicamente diversos, com suas características humanas peculiares mas, todos com suas mesmas matrizes de sentimentos.
Eu gosto do macho alfa, do malandro rei, do diretor do espetáculo, do cantor, do oracular.
Gosto dos que me emocionam, dos que parecem meio maltratados, mas mantém o velho porte de protagonista.  Ah, como eu gosto de um nobre vira-lata!
Eu vejo lá no fundo da íris o reflexo do meu amor mais bonito. Vejo toda possibilidade do mundo e a satisfação de imaginar que será alguém, dessa estirpe, que irá estar lá, quando acontecerem..
Eles vêm me melhorar, me inspirar, me comer até os ossos, me pôr diante do meu avesso!
Eu saúdo um amor com a corte que ele merece, e o experimento de todo coração até que mostre a que veio. Nenhum deles  acontece sem propósito.
São como gigantes, titãs dentro da nossa alma. Ninguém fica impune.
E esse sal, esse amargo, esse doce são para serem degustados e, para tanto, sábio é aquele que apura o paladar.
Ao invés de reclamar dos velhos machucados do amor, usemos nossas cicatrizes como tatuagens.
Se passou, não era o definitivo! Se foi covarde não era merecedor!  Se quebrou era de vidro e o que é pouco sempre acaba.
Trago o coração todo costurado...  mas escuras ou claras, exuberantes ou simples, minhas suturas foram feitas por linhas de sentimentos dos quais me orgulho.
Quando personagens do passado, sem sono, sem dono, vêm chorar suas consciências despertadas, eu ofereço os lenços brancos da generosidade, cortados dos lençóis em que antes nos deitávamos  e onde, outrora, sonhei com eles.
Enxáguo minha alma com um rio de lágrimas e morro nessa submersão, pra me refazer Iara.
Há pra mim um grande amor, a prova está nos, tão inesquecíveis, já vividos, que ficaram pela estrada.
Tenho bom gosto pra escolher um homem, mas tenho lucidez pra perceber se ele é ou não o meu.

Eu sigo encantada, o veneno das maçãs de conhecimento só me fortalecem. Tenho castelo, carruagem, escolta... só falta o verdadeiro rei. E, de tanto sonhar, acho que nunca estarei cansada pra recebe-lo, quando, finalmente e felizmente chegar.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

SANTUÁRIO

Não me interessa seu corpo, eu quero um pouco da sua alma!
Meu coração tem os milagres de Maria,
Minhas lágrimas são douradas como as do espírito das cachoeiras.
Eu tenho mãe, eu serei mãe.
A luxúria não sacia meu apetite.
Além do topo do meu interior, que você alcança, tem uma flecha infinita.
O amor é o gatilho dessa flecha!
Minhas memórias são os ossos da minha história,
Cada respiração e tudo que faço, desperta ou desfalecida, são atuais e contínuos.
Do meu beijo saem canções numa língua que não conhece.
Sou a sacerdotisa e a escolta do meu santuário.
Sua ignorância não me causa mais que escoriações... eu saro.
Igual à uma árvore muito velha, em minha seiva há sagrada fonte de vida.
Só vou, se puder operar milagres.