terça-feira, 25 de setembro de 2012

Casa de espelhos


Ela controlava a sorte. Vivia deitada em uma cama toda branca, com travesseiros e lençóis cor de papel em branco, num cômodo que além da cama só possuía materiais para escrita.
Redigia os sonhos e os pesadelos de todos os seres humanos enquanto se enroscava em sua núvem clara.
Lua... no redondo descanso dentro do círculo de imaginação que lhe prendia o chão do universo. Gaiola protetora.
Dizem que a dama não saiu solta no mundo, quando algumas de suas defesas recuaram e a deixaram passar.
Ela negociou consigo... que tudo ali era seu próprio reflexo.
Ficou sua casa suspensa, estruturada, seus soldados de folga enquanto ela foi rodar, voando por aí, para absorver informações e desejos novos, para refrescar a cabeça numa nascente de rio, para querer voltar a estar em si. Tinha algum tempo estocado e uma reserva de sonhos, fruto das noites que passara em ócio criativo.
Levou apenas 3 amuletos na bagagem: saudades como guia de onde ir e como voltar; lealdade ao próprio eu e para com aqueles a quem enviava o que escrevia; e um coração com bastante amor, para a vida acabar, nascer e isso ser circular, quantas vezes fosse necessário, e a sua escrita ser eternamente de palavras boas e feita com caneta fina.

sábado, 15 de setembro de 2012

conto 2 - sobre protagonismo


Acredito que os caminhos não são como o physique du role
Todos estão esperando os passos.

Quando eu abrir os olhos quero ver além do outro, a mim mesma.
Sou eu quem respira. Eu sei onde foco para existir.
Gosto de sentir e saber pelo que passa dentro de mim! Decodificando.
Por que não me daria todas as delícias pessoais?

Não há menor necessidade de eu viver num mundo do qual não goste.
Tenho total direito e até alguma obrigação de ser feliz, que poeta infeliz não dá frutos absolutamente positivos.
A mesma voltagem vai trabalhar para qualquer finalidade. Está tudo na escolha.

Eu optei por... ao invés de matar minha inocência,  sair de perto de onde ela morre
e plantá-la novamente.
Agora ela parece muito com a orquídea que tenho na varanda: só folhas a espera da floração, mas continua respirando... crescendo... como eu.

Quase perdi meu diamante por um raio de luz que refletiu mal num espelho qualquer.
Fazer o que? Ficar com a parte boa da fruta e jogar a podre fora, como fez Romeu quando Julieta em flor lhe pediu que abandonasse seu nome e ficasse com seu amor.

Escolhas e escolhas! Mas que seja sempre o meu querido coração, que frequentemente aplaudo, o tutor e a flecha das minhas decisões.

conto 1 - Sobre o protagonismo


Mas tem que prestar atenção:
A resposta final deve sempre ser a vida!
Não dá pra lutar pelo que não tem pulso.

Se ficar doente, a gente cuida!
Se cair  de joelhos, botamos parafusos...
Seres humanos foram feitos pra se tratar.

Mas antes de tudo, colegas de existência
Tem que a achar a contra-mola, o DNA,  o fogo de Prometeu.
Aí você estará conectado
Aí terá toda energia reservada na alma como se fosse um recipiente onde os deuses  tomam a água interminável.

Ser médico pede saúde!
Somos protagonistas.
Como focos únicos de luz,  da terra pro céu! Estrelas no avesso do universo.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Como saber se Pandora guardou um segredo seu
Se além de esperança algo mais ela escondeu?

Recifiense



Tem que ter muito apego pra trabalhar o desapego.
Eu faço um personagem recifense e me apego mesmo.

Essa sorte caiu para você.  Foi escolha do Cupido. 

Sustos e nocautes!

Então por que não me aproveita, senhor, já que sou sua? É até um desperdício cuspir fora um amor. 

Não vou triturar essa paixão que me faz carne moída.
Ela é bonita, felina, resistente e cheia de ideias próprias.
Como que vou combater essa menina?

Já você, minha obra prima... 
devia deixar dessas histórias
levantar essa espinhela caída
e vir comigo cantar vitórias
que sou eu sua heroína.




Eu, aqui deitada, vendo essas estrelas caindo dentro das minhas íris,
imagino que se virar a cabeça para o lado darei  de cara com seu rosto 
e mergulharei no castanho divinal do seu sossego.
                                    


Estrada...


O que foi que aconteceu pra ele pegar as malas e partir?
Caminho seu. Em busca da alma que perdeu.
Naquela noite sentou na beira da estrada e não dormiu.
Um norte aos seus pés se formava, a sorte virava e ele riu.

Lembrou da ciranda da tarde passada,
Da moça enfeitada que um beijo pediu
Do cair do sol que assistiu sem ninguém
Cercado porém de recordações,  algumas canções que ele repetiu.

Tinha nas mãos a medalha
Igual àquela que a amada ganhou.
A pele mal agasalhada, vento – madrugada
Disso ele gostou. Se encolheu... pensou...

O que foi que lhe botou, iniciando aquela caminhada sem saber
O que deixou, no rastro das suas passadas queria esquecer.

Ia encontrar consigo, coração pra um abrigo antes enviou
Seu nome foi pelo correio, mas seu paradeiro nem pra ele contou.
Voou... seguiu...

Disseram que foi pra esquecer um tempo doído que não se acabou
Disseram que foi conhecer um Deus seu amigo, um Diabo doutor
Alguns suspeitavam que ele tinha cometido um crime qualquer
Fingia... sorria... pedia:
Que no final do caminho não mais se lembrasse da louca saudade daquela mulher.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


Use a elasticidade positiva da sua alma pra sua voz ter palavras férteis e poderes bons 
e seus sentimentos se tornarão verdadeiramente livres.
Uma vez que é feita uma boa escolha a paz prepara o resto e só basta confirmar com o seguir da caminhada.

Pierrô...


De que vale todas as horas insensatas, todas as palavras mal escolhidas e toda pura ansiedade de um apaixonado quando esbarra no muro do não.
- Não, eu não te amo!
E o Pierrô duvida, suplica, canta...
Já a Colobina intocável replica-lhe: não. - Eu não te amo!

O palhaço entorta os cantos da boca, chora,
pega a viola, vai embora...
mas carrega consigo o sonho, que esse ele não vai deixar. 

Lá está boa escaleta. O elenco pode mudar...

Quem sabe pra outra ocasião, ou pra outra bailarina, ou para sempre pra mesma... só que em uma outra cena, num tempo de outra hora, quando forem novas as máscaras e souberem melhores rimas.