terça-feira, 25 de setembro de 2012

Casa de espelhos


Ela controlava a sorte. Vivia deitada em uma cama toda branca, com travesseiros e lençóis cor de papel em branco, num cômodo que além da cama só possuía materiais para escrita.
Redigia os sonhos e os pesadelos de todos os seres humanos enquanto se enroscava em sua núvem clara.
Lua... no redondo descanso dentro do círculo de imaginação que lhe prendia o chão do universo. Gaiola protetora.
Dizem que a dama não saiu solta no mundo, quando algumas de suas defesas recuaram e a deixaram passar.
Ela negociou consigo... que tudo ali era seu próprio reflexo.
Ficou sua casa suspensa, estruturada, seus soldados de folga enquanto ela foi rodar, voando por aí, para absorver informações e desejos novos, para refrescar a cabeça numa nascente de rio, para querer voltar a estar em si. Tinha algum tempo estocado e uma reserva de sonhos, fruto das noites que passara em ócio criativo.
Levou apenas 3 amuletos na bagagem: saudades como guia de onde ir e como voltar; lealdade ao próprio eu e para com aqueles a quem enviava o que escrevia; e um coração com bastante amor, para a vida acabar, nascer e isso ser circular, quantas vezes fosse necessário, e a sua escrita ser eternamente de palavras boas e feita com caneta fina.

2 comentários:

  1. E que você continue bordando nossos pensamentos...

    às vezes renda
    noutras apenas lã.


    Maravilhosa!

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    1. Sua alma é que é toda bordada, Vanessinha!
      Bom morar no seu coração e ter você no meu!

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