Uma vez me contaram uma piada-jogo de psicólogos: Uma mulher
conhece alguém num assalto. Um homem lindo, que a defende dos bandidos e a
salva. A moça se apaixona na hora e os dois acabam trocando um beijo. Ela nunca
mais o vê, depois disso, mas começa a procurar lugares perigosos, onde
facilmente seria assaltada. Por que? Pra ver se o homem apareceria outra vez,
para salvá-la. Princípio de psicopatia.
Quantas vezes na vida não fazemos parecido? Não
literalmente, mas com as devidas adaptações.
Não é de propósito, mas voltamos ao mesmo bar mil vezes até
quem se quer ver apareça, pegamos as ruas por onde possa passar, voltamos aos ciclos
sociais que eram em comum...
Isso é só o desespero dos cacos de coração que se querem
colar da antiga maneira.
A gente sempre acha que na hora em que a pessoa amada bater
o olho em nós, na hora em que os olhares se encontrarem, vão estourar fogos de
artifício e antes de você desmaiar, de emoção, os braços de ouro do amor vão te
amparar e salvar dessa bandida solidão, que nos assalta e rouba cotovelos,
deixando sua famosa dor.
E a busca abstrata, mas tão desesperada quanto se fosse
assumida, dá no mesmo e se faz ainda pior.
Coração não se cola e precisa-se ter um peito limpo pra que
outro nasça, ou pode ser que fique pra sempre um buraco vazio.
O tão falado desapego não é esquecer de alguém, é deixar que
a vida e as vontades soberanas do destino, que Jah tem pra cada um, se façam.
Não existe amor sem medo, mas o dia não é igual á noite,
Djavan, e quando a gente vai ficando mais velho, dormir faz muita diferença. Tranquilo,
de cabeça boa, em oração, em paz, sabendo que não se expôs, não se intoxicou,
não ferrou o barraco todo numa escorregada.
Tenho passado por grandes transformações de pensamento, graças à yoga, ao fato de ser professora, aos meus estudos acadêmicos e,
principalmente, aos estudos sobre mim mesma, essa poeta que a tantos anos
lateja em versos.
Acho que to legal de escrever sobre as angústias, sobre as
dores dos sentimentos incompreendidos. Cheguei ao limite das minhas
reclamações.
Tenho duas pernas, dois braços, todos os dedos, enxergo, meu
espírito enxerga, minha mente funciona a todo vapor, escrevo nesse minuto sob um céu lindo de azul, um monte de plantas e dois cachorros que são meus. Tem todo tipo de poesia nesse mundão veio sem porteira.
A gente sempre acha que controla, que tem o cabresto das
coisas na mão, mas não tem. Num susto os cavalos podem se desenfrear e você dar
com os burros n'água.
Viver é ter cuidado consigo, com quem se é e escolhe ser.
Passa num sopro, mas não há menor necessidade de você ficar abanando a
ventarola.
“Só sofre de amor quem não tem dinheiro pra beber!” me disse uma jovem amiga de vinte e poucos
anos. Eu tenho trinta. Uma taça de vinho é mais que suficiente.
Vou é lavar minha casa com sal grosso, pela milésima vez,
pedir perdão por meus erros como perdoo os dos outros e seguir, sozinha se for
necessário.
O capeta não me pega, não pega, não pega não! Eu e os meus
anjos damos nó no rabo dele.
Namastê pra quem me lê. E que o Deus que habita em mim e em
você sinta conforto e saúde na morada que tem, porque aí sim, com tudo de
acordo com o bem e o bom, vai chegar o prometido encontro com a verdadeira
felicidade, e você será salvo, ainda vivo, dessa vida bandida.
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