Um certo dia, perto do inverno começar, um homem lhe declarou sensibilidades... Ela, para seu próprio susto se emocionou.
Dormiam juntos. Abraçavam-se! E como o frio da vindoura estação já se pronunciava, ela começou a decodificar o calor daquele peito masculino em que deitava como a algo possível, extensivo a seus próprios sentimentos . E ele se declarava , fazendo que na sua razão fosse se abrindo uma ruela transversal, uma apetitosa rua que tinha muitas possibilidades.
Aquele chaveiro prometia destrancar-lhe o coração.
Pulou o precipício! Tinha um rio tão perfeito lá embaixo...
Mas depois de uns quatro amores terminados, qualquer mulher fica atenta aos sinais, aos desvios, aos astros se for necessário. E um grilo que lá longe no passado lhe colocaram na cabeça criquilou.
-Abra a caixa! Disse a curiosidade...
E Pandora, apaixonada pela idéia do conhecimento abriu.
Foi no meio de seu salto ornamental... Alí estavam as verdades sobre seu amado, sobre seu amor e o rio lhe apareceu escuro repentinamente e raso, muito mais que o possível. Caiu de cabeça. Quebrou o pescoço.
Afogada em tão poucas águas ela chorou seus últimos ais, com lágrimas tão grossas que o leito tornou a se encher e entornou no mar.
A dama, na passagem da corredeira entre as pedras, perdeu a pele e foi ficando com a alma exposta. E essa identidade subcutânea sabia cantar.
Quando chegou com tamanha tristeza no oceano, Iemanjá foi lhe falar. Disse:
-Quem és tú menina que morreu de tanto chorar?
- Sou a ilusão de um amor que decidiu não me amar.
-Pois aqui sede bem- vinda! Gosto de te ouvir cantar. Se a tristeza é poetizada tem chance de se acabar. Fica da cor do meu reino que não vão te atrapalhar. Serás sereia e fada, aprenderás a nadar. Uma missão te darei e a ela não podes negar.
Assim, a moça fez-se e a fada azul foi criada com as curas dos amores, cantando todas as dores, se estourando na praia, infinita e esperançosa... Lavando corações no mar.
A inveja é um sentimento feminino. Os homens também sentem, claro! Mas
eles não tem classe pra esse tango.
É o desejo do que se gosta, para nós mulheres. Pelo menos eu acho isso.
Para eles é ter exatamente o que o outro tem. Não serve semelhante,
cópia, gêmio, duplicata de fábrica. O foco deles é a pessoa que tem e não o que
ela tem.
Não sou dessas, mas confesso que quando a tal dama surge eu não fecho a porta, não! Porque ela vem com o cheiro de todos os meus desejos. Aquela jura de amor que não foi feita pra mim... Um lugar que não
ocupei, mas gostaria... Um verso inacreditável que outro poeta tenha feito... A
loura da minha adolescência por quem todos se derretiam...
E o que há de antinatural nisso? É que nem o ronco, que é uma das
atividades mais involuntárias do ser humano.
Ninguém tá defendendo o verbo! Ser invejoso é buraco negro no formato de
tumor.
Mas o deparar-se com a inveja - sujeito - e trocar uma boa ideia com
ela, quando essa se apresenta ao invés de rejeitá-la é muito mais esperto do
que mascarar o sentimento.
Dá pra tirar uns estudos. Porque se eu quero o que não tenho e
identifico o que quero, ainda tenho como resolver.
Me preencho nesses momentos muito mais da confirmação dos meus sonhos do
que daquilo que roi. O mal não faz muita festa na minha alma.
No final das contas ouvi outras juras... ocupei outros lugares... fiz
outros poemas... e fiquei eu mesma loira.
E se sacudirem novamente esse pomo da discórdia diante de mim, eu mordo!
Faço bem a digestão e boto pra fora, de preferencia em uma boa quantidade de
palavras.
E se a maçã estiver envenenada de consciências mortíferas... eu dormirei
bem bonita, pra manter em mim todo sonho até que um beijo de amor verdadeiro me
acorde novamente.
Só os apaixonados sabem as emoções do dia seguinte, as doces e salgadas lembranças de detalhes emocionais.
O desatado nó profundo faz dança de fitas na alma do amante e o sangue gira veias adentro como se gota por gota dessem as mãos em ciranda.
Dá pra ver o amor movimentando um coração. Ve-se fora do corpo! Nítido e aureliano... O apaixonado resplandesce, sai faísca, dá choque. Gozo em reprise.
O amor é um segundo. Um incontável e salvador segundo próprio, independente das divisões cabidas.
Percebam esses momentos seguros, mesmo que depois o mundo mude e os sonhos se transformem.
Será dessa maneira que você desejará se sentir, por cada momento que for possível pelo resto da sua vida.
Eu gosto de como o bigode sobe quando ele ri. Acho super charmosa sua lingua meio presa, suas calças engraçadas e seus cabelos Art Nouveau.
Ele pensa tanto antes de cada fala que tudo fica com sua devida importância.
Aberturas românticas pra coração cansado...
O sexo e o abraço nunca me deram prazeres tão parecidos!
Ainda existe amor, tô vendo um nascer.
É um momento divino, tem que olhar com olhos virados pra se perceber.