terça-feira, 28 de maio de 2013

PICADEIRO

Podem ser tão cruéis quanto as distâncias, certas naturezas humanas. 
O que é que eu ainda espero,  se já conheço a sua maneira de caminhar, cem metros antes do seu primeiro passo? 
Somos mais manjados que as gagues imortais de velhos palhaços.
Eu tento... medito... alongo... permito... analiso... mas no final das contas morro, como morre o meu amor de desnutrição e o seu, pelo apetite não saciado.
Faz-se necessário um poema, mas só o que vem é um bufão.
Faz-se necessária o sagrado, mas sou só o que vem é uma poeta.
Somos feitos de tinta!
A mágica do nosso circo, com lona bordada em versos, só se sustenta se o mastro central for alto, infinito!
E nós, estradeiros, verdadeiros, pés de valsa, dançadeiros, alegretes só podemos ficar juntos se for pra oferecer o maior espetáculo da terra ou negamos os votos que fizemos, de mãos dadas, antes de dar nossos mortais, nuvens abaixo.
Somos as feras que domamos, a espada e a garganta, o arame que balança sobre a morte e o caminhar da equilibrista.
Em direção ao centro do picadeiro, segurando lágrimas pra manter minha maquiagem!
Parece que o gran finale será uno, apenas um solo meu, sem nenhuma troca de corações... como um pierrot que abre o peito e mostra as vísceras de uma amor não correspondido, embaraçadas, como fitas coloridas num nó.


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