terça-feira, 1 de outubro de 2013

frankensteiniana

Pelos latidos do meu cachorro eu sou grata,
Esse som inicial, da família que um dia vou construir.
Vão-se mais de cem amores já passados
E alguns filhos que até ensaiaram existir.
Modificados planos e poemas, sentimentos legendados,
Cirzem a linha em que equilibro minha vida.
No alto das idades passadas e ao pé dos anos que estão por vir.
Remendada, em santa humanidade,
Orgulhosa de minhas respirações que continuam indo e vindo,
Colocando os cheiros do lugar onde estou mais e mais dentro de mim,
Dissolvendo, como a água dessa chuva que cai, as lágrimas saudosas dos beijos lembrados,
Vou nadando, peixe desastrado, tubarão de mim, sereia frankensteiniana.
Como se o tempo fosse um baralho, um tarô impreciso do destino.
Bebo um cálice a mais de vinho, brindo com desincorporados, escuto autores do passado e escrevo, escrevo, escrevo palavras maiores que eu, elas sim, absolutamente sem fim.
Como um astro, do céu desterrado, qual estrela perdida em noite negra, vou resistindo em brilho, cometa,
tentando achar a constelação que no final me dirá um sim.


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